Água é um direito e não uma mercadoria!

Neste 22 de Março – Dia Mundial da Água – o Brasil recebe dois grandes eventos antagônicos: o Fórum Mundial da Água e o Fórum Alternativo Mundial da Água. A estreia de Renê Vicente como colunista do VermelhoSP aborda luta contra a privatização desse valioso bem.

Desde o dia 18 de março, acontece em Brasília a 8ª edição do Fórum Mundial das Águas (FMA). O Fórum é um evento organizado pelo Conselho Mundial das Águas, e tem como objetivo fazer com que a água se torne uma mercadoria e não um direito humano. Esse fórum é capitaneado por grandes empresas multinacionais, que lucram com a privatização do bem natural e estão umbilicalmente ligados ao Fórum Econômico Mundial de Davos, que inclui em seu conselho gestor empresas como: Nestlé, Coca Cola, Dow, Ambev e até o Banco Mundial. 

Por isso, nos organizamos na construção do Fórum Alternativo Mundial das Águas (FAMA) que ocorre em paralelo ao FMA. O FAMA é um fórum construído pela base, e tem como principais organizadores o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento Sem-Terra (MST), Centrais Sindicais como a CUT e a CTB, e Federações como a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e a Federação dos Trabalhadores em Energia, Água e Esgoto (Fenatema), entre outros. Ao contrario do FMA, que é patrocinado pelas grandes corporações transnacionais e pelo governo ilegítimo de Temer.

O FAMA traz como principal bandeira, a defesa da universalização do saneamento público, e a água como um direito e não uma mercadoria. Traz para o debate a experiência de vários povos do mundo na luta pelo direito à água, entendendo que o controle da água é fundamental para a soberania dos povos e representa o contraponto ao projeto golpista de entrega de nossos recursos naturais pelo do governo ilegítimo de Temer, que aplica uma politica econômica de lesa pátria.

No mundo todo há um processo de reestatização dos serviços públicos de saneamento que foram privatizados na década de 90, auge do liberalismo econômico, e já são mais de 267 remunicipalizações, das quais 106 ocorreram na França. Isso aponta que o caminho é o da resistência através de lançamentos de comitês populares, para combatermos a visão mercantilista propagada pelos meios de comunicação a serviço das corporações.

E também a retomada da Frente Nacional de Saneamento que se rearticula a partir do FAMA, para combatermos a MP do Saneamento proposta pelo Golpista Temer, que através de medida provisória quer alterar as leis n°9.980, de 17 de julho de 2000 que dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas (ANA), e a lei n°11445 de 05 de janeiro de 2007, para atender interesses de grandes empresas como a Nestlé, Coca Cola, Pepsi e empresas que atuam no setor de Saneamento Público, agilizando a privatização das empresas estaduais de saneamento básico e dos serviços de esgoto em todo pais, e buscando remover os entraves jurídico-institucionais para facilitar a entrada e controle da água pelos tubarões da iniciativa privada, que só objetivam o lucro. 

Dia 22 é comemorado o Dia Mundial da Água, mas infelizmente não temos muito a comemorar! Apesar dos avanços conquistados após a aplicação da lei 11.445 na última década, o governo como vimos, mantém a agenda entreguista e de retrocesso. 

A nós, resta nos unirmos em defesa desse bem essencial à humanidade! Água é um direito e não uma mercadoria!

Não a privatização!

*Renê Vicente é presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil de São Paulo (CTB SP), e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Agua, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (SINTAEMA).


 Os artigos publicados na seção “Opinião Classista” não refletem necessariamente a opinião da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e são de responsabilidade de cada autor.

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