Tragédia no Chile em 11 de setembro de 1973, a liberdade perde com assassinato de Allende

O dia 11 de setembro entrou definitivamente para a história, mesmo antes do ataque suicida às Torres Gêmeas, em Nova York, Estados Unidos, em 2001. No sul da América do Sul um golpe de Estado abortava, em 1973, a primeira experiência de um governo socialista eleito pelo voto popular nessa parte do continente americano.

Imediatamente à eleição de Salvador Allende Gossens para a presidência do Chile em 1970, as hostilidades começaram contra a Unidade Popular – aliança de comunistas, socialistas e outras correntes populares -, que transformou Allende no primeiro socialista a ser eleito presidente num país sul-americano.

E como a economia do Chile era dependente dos Estados Unidos, o embaixador norte-americano Edward Korry afirmou que “não permitiremos que nenhuma porca e nenhum parafuso cheguem ao Chile de Allende”.

Ouça Caminando, Caminando, do chileno Victor Jara. No clipe aparece a juventude chilena atual nas ruas em favor de mudanças na política educacional

Mas, em plena Guerra Fria, os norte-americanos pareciam não ter a pretensão de suportar “outra Cuba” em seu “quintal”. Na década de 1970, as ditaduras imperavam na América do Sul e o Chile parecia dar um respiro às aspirações populares e democráticas.

O império não estava para brincadeiras. Nunca está. No dia 11 de setembro de 1973, as Forças Armadas chilenas cercaram o Palácio de La Moneda e depuseram o presidente eleito constitucionalmente. 

Último discurso de Salvador Allende antes do triunfo total do golpe

Allende informou que resistiria em discurso histórico transmitido por rádios fiéis à Constituição. Foi assassinado em circunstâncias não esclarecidas ainda hoje, 44 anos depois. O Chile mergulhava numa das mais sangrentas ditaduras do continente, liderada pelo general Augusto Pinochet.

O Estádio do Chile e o Estádio Nacional de Santiago ficaram pequenos para tantos presos políticos, entre eles o compositor e cantor Victor Jara, assassinado no dia 16 de setembro de 1973. A ditadura chilena só cairia em 1990, depois de uma imensa crise e acusações de corrupção.

O regime instaurado por Pinochet, com apoio da CIA (serviço de espionagem norte-americano) deixaria milhares de mortos e desaparecidos. A tortura aos opositores foi cruel, juntamente com os aliados do Cone Sul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). Mais de 200 mil chilenos foram exilados.

Com a crise econômica, o regime de Pinochet não suporta os ventos democráticos que sopravam na América do Sul e sucumbe em março de 1990 com a eleição do democrata cristão Patricio Aylwin.

A exumação do corpo de Salvador Allende feita a pedido de sua filha – a escritora Isabel Allende -, em 23 de maio de 2011 determinou que a causa morte foi ocasionada por projétil e que “a forma corresponde a assassinato”.

Ouça  Yo pisare las calles nuevamente, do cubano Pablo Milanés sobre o golpe no Chile 

Em seu último discurso, o presidente chileno deposto afirma que “diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores: Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detêm os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos”.

Derrotado 44 anos atrás, Allende venceu. Vive nos estudantes chilenos que lutam por educação pública, gratuita e de qualidade, nos trabalhadores e trabalhadoras que resistem às ofensivas do neoliberalismo e na sociedade chilena que respira a liberdade e a soberania, mesmo com dificuldades.

Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy

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