16 dias de ativismo: ação mundial pelo fim da violência contra a mulher

Edifícios e monumentos históricos em várias cidades de todo o mundo ganharam uma iluminação laranja no dia 25 de novembro marcando o início da campanha global “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”, que terminou no dia 10 de dezembro.

A campanha acontece há quatro anos e é coordenada pela Organização das Nações Unidas (ONU Mulheres). Neste ano o Brasil, China, Bangladesh, Libéria, Marrocos, México, Turquia, Colômbia, Argélia e África do Sul estiveram entre os mais de 100 países que participaram da iniciativa. Em 2016, 105 nações aderiram à ação que busca conscientizar a população contra a violência praticada contra as mulheres.

A cor escolhida é símbolo da luta contra a violência de gênero e a data – 25/11 – homenageia três irmãs dominicanas: Patria Mercedes, Minerva Argentina e María Teresa Mirabal Reyes. Elas foram brutalmente assassinadas durante a ditadura de Rafael Leónidas Trujillo de Molina (1930 a 1961), na República Dominicana.

Movimento 14 de Junho

Considerado um dos mais autoritários e sanguinários ditadores da América Latina, para aterrorizar a população, além de usar a violência, a tortura e o assassinato, Trujillo exigia favores sexuais às dominicanas em troca de deixar suas famílias em paz. Caso contrário, ele declarava seus pais e maridos inimigos públicos e os prendia.

As irmãs Mirabal eram ativistas da luta pela libertação da República Dominicana. Por se negar ao assédio, Minerva foi presa e torturada em 1947. Ela e suas irmãs militaram no Movimento 14 de Junho, formado por jovens, estudantes, artistas e intelectuais em oposição ao regime militar.

 

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O nome do grupo faz alusão ao dia em que a população tentou, sem sucesso, derrubar o ditador. As irmãs se identificavam no movimento clandestino pelo apelido de Mariposas. Em 1960, a organização foi descoberta e seus integrantes foram todos presos, entre eles Las Mariposas. Em maio, foram julgadas em Santo Domingo com seus maridos por “atentar contra a segurança do Estado dominicano” e condenadas a três anos de prisão.

No entanto, em mês de agosto daquele ano, elas passaram para a prisão domiciliar e tinham permissão para sair de casa duas vezes na semana: domingo para ir à missa e o outro dia para visitar seus maridos presos na capital do país.

Em novembro, Trujillo mandou transferir seus respectivos cônjuges para a prisão de Puerto Plata, que ficava a duas horas de onde viviam. Em uma das viagens para visitar os esposos, elas foram detidas e assassinadas a golpes junto com o motorista Rufino de La Cruz, quando voltavam para casa. O episódio gerou grande comoção e revolta, contribuindo para a queda do ditador que no dia 30 de maio de 1961 foi assassinado.

Las Mariposas

Durante o Primeiro Encontro Feminista Latino-americano e Caribenho realizado na capital colombiana Bogotá em 1981 a data da morte das irmãs Mirabal foi sugerida para ser o Dia Latino-Americano e Caribenho de luta contra a violência à mulher. A Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu o 25 de novembro como o Dia Internacional da não Violência contra a Mulher e o início da campanha mundial em defesa dos direitos das mulheres, que prepara ações simultâneas, durante dezesseis dias, em várias partes do mundo e é encerrada no Dia Mundial dos Direitos Humanos.

Com o objetivo de imortalizar a memória das Mariposas criou-se a Casa Museo Hermanas Mirabal, em 1994. O local, que foi a casa onde elas viveram seus últimos dez meses, era mantido e gerido por Bélgica Adela Mirabal (Dedé) irmã sobrevivente ao regime – ela não se envolveu diretamente na luta contra a ditadura em seu país. Dedé cuidou dos seus sobrinhos após a morte de suas mães, ela faleceu em 2014, aos 88 anos.   

Érika Ceconi – Portal CTB

*Artigo originalmente publicado na Revista Mulher de Classe 

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