O que o Santander não faz pelos LGBTs

O cancelamento da exposição “Queermuseu- Cartografias da Diferença na Arte Brasileira” realizada no Santander Cultural, em Porto Alegre, no último domingo (10) por suposta “blasfêmia contra símbolos católicos”, pedofilia e zoofilia representou uma opção do Santander Cultural pelo preconceito, pela ignorância e pela homofobia. Os protestos contra a exposição, organizados por grupos religiosos e conservadores, entre eles o Movimento Brasil Livre (MBL), não justificam a atitude do centro cultural de recuar na pauta ligada ao segmento LGBT e demonstra os tempos difíceis vividos pela população LGBT em pleno século XXI. A mostra devia permanecer em cartaz até o dia 8 de outubro.

A “Queermuseu” apresentava uma importante proposta de dar visibilidade a questões do universo LGBT presentes na sociedade e na cultura, assim como promover uma revisão de obras e artistas marginalizados. Quando o centro cultural ligado ao Banco Santander recua na exposição após protestos de segmentos que representam o que há de mais atrasado na sociedade, acaba por incentivar que os mesmos sigam na sua cultura de silenciamento e homofobia. O banco, que usa o slogan “o que podemos fazer por você hoje” dá uma grande lição à sociedade sobre o que não fazer com a população LGBT: Nunca se deve recuar perante o preconceito e a ignorância.

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Além do grave problema de homofobia, o cancelamento da exposição representa o desrespeito com 270 trabalhos assinados por 85 artistas que tiveram suas obras censuradas em prol dos setores que beiram ao fascismo em nossa sociedade. Para piorar tudo, a empresa que controla o centro cultural se desculpou com os homofóbico e deixou o povo LGBT, grande vítima desse mar de ignorância, sem uma resposta convincente para esse ataque institucional.

O Banco Santander e o Santander Cultural merecem todo o repúdio das forças progressistas e democráticas que lutam diariamente contra o machismo, contra a homofobia e todas as formas de opressão. Essa lógica nefasta de ceder à pressão dos que promovem o preconceito impediria que tivéssemos em nossos país exposições sobre nossa própria história e sobre a trajetória de nosso povo. Somos um povo formado pelo sangue e pela luta dos índios, dos negros, das mulheres, dos gays, dos trabalhadores, todos com sua história e suas lutas negadas pelos mesmos setores que se mobilizaram para por fim à exposição do Santander Cultural.

Se o Santander quer mesmo saber o que pode fazer por nós hoje, comece revendo seus conceitos e não subjugando a cultura e à luta pelos direitos humanos às vontades de setores fascistas e conservadores.

A nossa luta é todo dia contra o fascismo, o machismo e a homofobia.

Kátia Branco, secretária da Mulher da CTB-RJ

Marcelo Max, dirigente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro e da UNA-LGBT-RJ

 

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