Febre amarela leva o talento do compositor mineiro Flávio Henrique

 A música popular brasileira perde na manhã desta quinta-feira (18) o talento de Flávio Henrique Alves de Oliveira em decorrência de complicações por febre amarela – essa doença que volta a assustar os brasileiros.

Com 180 músicas gravadas por grandes nomes da MPB como Ney Matogrosso, Zeca Baleiro, Vander Lee e dividiu parcerias com Paulo César Pinheiro, Milton Nascimento, Toninho Horta, Lô Borges, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, entre outros, Flávio Henrique, como era conhecido colecionou amigos e admiradores, durante os seus 49 anos de vida.

Falso Milagre do Amor, de Ed Motta e Ronaldo Bastos, com Quarteto Cobra Coral 

“Era um dos maiores compositores da música mineira. Um homem de sensibilidade ímpar e de pensamento progressista. Nos últimos anos, além de se dedicar a análise política profunda do Brasil pós golpe e suas inúmeras adversidades, comandava com entusiasmo e espírito republicano a recém fundada Empresa Mineira de Comunicação”, diz Clarice Barreto, vice-presidenta e diretora de Comunicação do Sindicato dos Professores de Minas Gerais.

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Sua morte chocou a sociedade mineira. Para o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), “Minas perdeu um grande artista e eu perdi um amigo querido e um companheiro de ideias e de sonhos”.

A Hora do Improviso, programa da Rádio Inconfidência com o Quarteto Cobra Coral 

O seu parceiro no Quarteto Cobra Coral, grupo vocal que emplaca sucessos desde 2010, Pedro Morais se diz grato “pela oportunidade de ter convivido e passado por tantas coisas massas junto com ele, crescido e aprendido nesta vida, que é tão efêmera e tão frágil”.

Em sua carreira, lançou um DVD e oito CDs autorais, sendo Zelig o mais recente, de 2012. Cantor, compositor, tecladista, pianista destilou seu talento por obras como “O Olhar que Ama” (com Fernando e Robertinho Brant), “Choro Livre” e “Não Tive Mis o que Te Dar” (ambas com Paulo César Pinheiro), “Dentro de Mim Mora Um Monstro”, “Era Uma Vez Por Toda a Vida”, “Sob o Sol”, entre as 180 canções de sua autoria gravadas no imaginário popular para todo o sempre.

Olhos de Farol, de Flávo Henrique e Ronaldo Bastos, com Ney Matogrosso 

Além de músico e cantor talentoso, Flávio Henrique teve o reconhecimento da sociedade mineira pelo seu trabalho à frente da Empresa Mineira de Comunicação. Ele “era militante e entusiasta da comunicação pública a qual defendia na pauta da sua gestão à frente da Rádio Inconfidência e da Rede Minas, que cresceram de forma vertiginosa em sua gestão abraçando o espírito público que se espera da comunicação estatal”, diz Barreto.

Amigos e familiares ressaltam o seu bom humor refletido em seu trabalho. Esse humor desponta com clareza, em 2012, na marchinha de Carnaval, “Na Coxinha da Madrasta”, uma das pioneiras de Belo Horizonte, onde ele satiriza o vereador da capital mineira Leo Burguês (PSL) porque a Câmara Municipal contratou o bufê da madrasta do político, onde uma estrofe diz que:

“Não sei se é ladrão/Pervertido ou pederasta/Tem gente metendo a mão/Na coxinha da madrasta/Milhares de reais por mês/Pro lanchinho do burguês/Milhares de reais por mês/ Pro lanchinho do burguês/O nosso dinheiro ele gasta/Na cozinha da madrasta”.

Sob o Sol, Cobra Coral

Os seus companheiros de viagem afirmam na página do grupo que “somos gratos por tantas histórias, tanto amor, tanta música, viagens, gargalhadas, shows, bastidores, festas e cada momento que pudemos viver juntos”.

A arte tem o poder de eternizar as pessoas em suas obras. O sepultamento do músico está previsto para esta sexta-feira (19), às 9h, no Cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte.

Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy com agências. Foto: Frank Bitencout

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