Cunha será o Barrabás do século 21? Para BBC, deputado presidir impeachment é “um escândalo”

A emissora pública do Reino Unido não consegue entender como um processo iniciado quase dois meses antes, esteja estacionado, enquanto o processo de impeachment ande a todo o vapor. E como estamos no período da Páscoa, muitos lembram de que ao lavar as mãos, Pôncio Pilatos entregou a decisão para as pessoas que assistiam ao “julgamento”, pelo qual libertaram o ladrão Barrabás e condenaram Cristo à morte.

A história se repetirá no Brasil com Eduardo Cunha saindo livre de todas as acusações? Depois que não tiver mais serventia a oposição o rifará e entregará aos leões?

É o que pergunta a reportagem da BBC Brasil. “A tentativa de cassar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por meio de um processo no Conselho de Ética começou em 13 de outubro, 50 dias antes de ele aceitar um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, em 2 de dezembro – dando início ao trâmite que pode culminar na derrubada do governo petista. Apesar disso, a presidente corre risco real de ser afastada do cargo antes de o julgamento de Cunha ser concluído”, surpreende-se a BBC, logo no início do texto (aqui).

A oposição, liderada pelos barões da mídia aposta todas as fichas na desinformação e tumultua fazendo visceral campanha de ódio e violência onde nem juízes do STF escapam. Querem ganhar no grito, custe o que custar, inclusive vidas humanas. “A declaração dela de que não vai renunciar é muito importante porque, mesmo que o impeachment venha a ocorrer, mostra a sua ilegitimidade”, afirmou ao Brasil 247, o cientista político André Singer.

Para ele, a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode alavancar a resitência, por isso, temem a sua presença. “Acho que a capacidade dele de se comunicar poderia dar nova vida ao governo”. Singer também lamenta que a oposição “capitaneda pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso busque um impeachment sem base legal.

A BBC

Referência em imprensa independente e imparcial, a British Broadcasting Corporation, a BBC, conglomerado público de radiodifusão da Grã-Bretanha não consegue entender para além de um escândalo o fato de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) possa ocorrer pelas mãos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O parlamentar responde a um processo no Conselho de Ética na Câmara pretérito ao do afastamento da líder petista e tem sobre suas costas um processo no Supremo Tribunal Federal e um pedido da Procuradoria Geral da República determinando seu imediato afastamento.

A BBC, a exemplo de uma série de veículos de comunicação internacionais, entendem como uma tentativa de golpe o rito do processo contra Dilma. Reportagem da jornalista Mariana Schreiber, da BBC Brasil em Brasília, publicada neste sábado (26) ouve congressistas que sustentam a tese de que a presidente eleita é vítima de um julgamento sumário, movido pelo interesse de Cunha de esconder seus próprios malfeitos e de uma oposição que fecha os olhos para o devido processo legal.

A BBC sustenta que, longe de um julgamento justo, com fato determinado e provas que sustentem o cometimento de algum crime, o ritmo de análise dos dois procedimentos (de Cunha e de DIlma) tem variado simplesmente movido pelos interesses do enrolado presidente da Câmara, cujo cargo lhe confere poder de acelerar ou retardar o funcionamento do plenário e das comissões da Casa.

“Um deputado que é réu (em processo no Supremo Tribunal Federal) é isento para conduzir o processo de impeachment da presidente? Eu acho que não”, disse à BBC o deputado José Carlos Araújo (PR-BA), presidente do Conselho de Ética.

“Ele (Cunha) não estava preocupado com o futuro do país, com a economia. Quis acirrar os ânimos para sair da vitrine”, critica também o deputado Julio Delgado (PSB-MG).

“O importante para eles é protelar (o processo do Cunha) até resolver o caso da Dilma aqui na Câmara. Eles priorizaram. A questão principal é derrubar a Dilma, e Cunha é o fiador da celeridade dos trabalhos da comissão especial e da apreciação (do impeachment) em plenário”, disse Chico Alencar (PSol-RJ).

Já os líderes da oposição, que não raro aparecem em denúncias de financiamento ilegal de campanha, sustentam que o processo de impeachment segue o rito normal.

“No caso da comissão do impeachment, o rito foi determinado pelo Supremo. Então você tem uma regra bem definida. No caso do Cunha, o que acontece é que o presidente do Conselho de Ética comete uma série de irregularidades, não cumprindo o regimento da Casa e, consequentemente, o processo acaba voltando (ao início, devido aos recursos que questionaram essas supostas irregularidades)”, disse Paulinho da Força, um dos principais aliados de Cunha, para quem o rito do impeachment e o funcionamento do Conselho de Ética são coisas diferentes.

O líder do DEM, Pauderney Avelino, diz que seu é preciso abordar uma coisa de cada vez. “Independentemente do Cunha, o processo de impeachment anda. O Cunha não tem mais nada a ver com o processo de impeachment, a questão hoje é institucional”, afirmou. Será?

Suíça

O processo contra Cunha que corre no Conselho de Ética pede sua cassação pois ele teria mentido na CPI da Petrobras, quando foi questionado sobre se possuía contas no exterior. Dados repassados pela Suíça à Procuradoria-Geral da República no ano passado revelaram cinco milhões de dólares em contas naquele país ligadas ao presidente da Câmara.

Cunha apresentou na segunda-feira sua defesa, quando começou a correr o prazo de 40 dias úteis para o conselho levantar provas e ouvir testemunhas. Cunha apontou oito pessoas para serem ouvidas, sendo dois advogados seus na Suíça.

As forças democráticas dão importantes sinais de resistência e unidade. Partidos políticos progressistas e os movimentos sociais se unem. Vale lembrar que a ditadura fascista instaurada em 1964 começou a ruir quando estudantes se uniram a trabalhadores e trabalhadoras e saíram às ruas em defesa da liberdade e da Nação.

Portal CTB com Brasil 247 e BBC Brasil

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