Diretoria da Caixa quer transformar Loteria em subsidiária

Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil.

Em um vídeo publicado em sua conta no Instagram no início da semana, o representante dos funcionários no Conselho Administrativo (CA) da Caixa Econômica Federal, Antônio Messias Rios Bastos (@messiasdacaixa), questionou a diretoria do banco e o próprio Conselho do qual faz parte acerca de uma manobra em curso, capitaneada pela atual diretoria da Caixa, para tirar a gestão das loterias da vice-presidência da CEF e transferir os jogos para empresas subsidiárias.

Messias atirou no que viu e acertou no que não viu. Após a publicação de seu vídeo, a reportagem do Brasília Capital apurou, no final da semana, sob a condição de sigilo das fontes, que o Conselho de Administração da Caixa convocou uma reunião de urgência para esta segunda-feira (18), exatamente com a pauta de transformar o setor de Loteria em subsidiária. A diretoria do banco justifica, entre outras alegações, que visa “manter a competitividade com o mercado concorrencial” e “poder atuar na operação do sportsbetting”, uma vez que “a legislação exige CNAE específico”.

Primeiro passo para a privatização

No vídeo, em que critica a iniciativa, Messias recorda que a ideia de tirar os jogos da vice-presidência da Caixa e privatizá-los nasceu no governo Temer, ficou parada durante o governo Bolsonaro e agora, no governo Lula, voltou a ser requentada pelo atual presidente, Carlos Vieira. A transferência para subsidiárias seria o primeiro passo para facilitar uma eventual futura privatização das loterias da Caixa.

Atualmente, 40% do que é arrecadado pelas loterias da Caixa volta para a sociedade em forma de apoio a diversos fundos (veja quadro abaixo).  Messias receia que, havendo a criação das subsidiárias, muita gente perderá o emprego dentro da própria Caixa, mas, principalmente, nas casas lotéricas. A sociedade também perderá tudo que é realizado com o repasse, que ultrapassa os R$ 11 bilhões por ano.

A Caixa repassa, atualmente, por exemplo, R$ 3,98 bilhões para a Seguridade Social e R$ 1,6 bilhão para a Secretaria Especial de Esportes, além de valores significativos para o Comitê Paraolímpico Brasileiro, prêmios prescritos ao Fies, e recursos para o Fundo Nacional de Segurança Pública, entre outros.

Messias termina o vídeo questionando por que o Conselho Administrativo da Caixa está calado acerca deste tema e não colocou em nenhuma de suas pautas o debate sobre a questão. Ele só não imaginava que a diretoria da Caixa contra-atacasse tão rápido e pautasse imediatamente o assunto para uma decisão sem qualquer debate prévio com a sociedade e com os funcionários do banco público. Informações: BSB Capital.

 

 

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